terça-feira, 1 de setembro de 2009
Canibal entre mulheres e letras
Diferentemente do que pensava, não se tratava de um thriller. Já me imaginava tentando descobrir quem seria o tal Canibal e me perdi num emaranhado de histórias que, apesar de cheias de inventidade, cabem bem na realidade do bairro e num romance noir. Aliás, Copacabana é fonte de inspiração de tantos. Seja a leve e saltitante bossa da Pricesinha do Mar ou a louraça Kátia Flávia. E o livro de Alexandre Fraga, apesar de se passar no final do anos 60, me lembra mais a louraça do Fausto Fawcett.
Histórias fantasiosas X Personagens humanos
Alexandre é advogado e agente da Polícia Federal, o que acredito contribuiu para a construção dos personagens e a dar-lhes o toque de humanidade necessária para as suas histórias tão fantasiosas. Um coveiro enterrado vivo com os dentes de ouro, um capitão do exército que se realiza e delicia na sua posição de torturador, um bandido, filho de um padre, fugido da Venezuela, que tem em uma imagem de uma Santa a sua proteção e a recordação da mãe e uma milionária solitária e infeliz que sempre se envolve com os homens errados. Sem falar na adolescente mimada e com os hormônios em ebulição e uma mãe de santo que carrega uma culpa e um corpo em brasa. Ainda sobra criatividade para um traficante preso, convertido e que luta para se manter longe da violência. Tudo isso, contado e interligado de maneira rápida e afiada com um punhal, mas temperado e aliviado com alguns momentos de humor.
Pequenos detalhes
Mas se o autor me convenceu com a sua capacidade de criacão dos personagens, deixou a desejar na contextualização do romance. Perdeu a oportunidade de discorrer mais sobre uma época tão rica. Alguns detalhes também me chamaram atenção: o tráfico de drogas no livro se mostra muito mais preparado e sofisticado do que deveria ser na época, as bolsas Louis Vuitton ainda não eram sonho de consumo e não desfilavam pela sociedade carioca. No entanto, as últimas páginas, as quais devorei, por sinal, me premiaram com uma vibrante cena de um carnaval carioca em uma Siqueira Campos inundada diante de uma tempestada de verão e uma memorável e histérica sessão num terreiro de umbanda.
Um último aviso: ao folhear as páginas, você visitará o lado mais absurdo e bestial do ser humano e do Brasil. Sim, para ler o Canibal de Copacabana, é preciso ter estômago."
Para conferir a matéria acesse o site Entre Mulheres e Letras
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
RIO etc em Paris!
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Os demônios já estão no confessionário
Ado não sabia o que estava fazendo, nem por quê. Ao decifrar que sua hora havia chegado, não sentiu ódio nem rancor daquele velho louco. Apenas apertou a mão do homem o mais forte que pôde, reconhecendo que, no leito de morte, a coisa mais importante é a companhia de alguém, ainda que seja a do seu algoz."
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
MORMAÇO TAMBÉM QUEIMA
"Mormaço também queima" é o livro de estréia do carioca André Tartarini – uma seleção de 19 contos, que não se enquadram em temática ou estilo únicos. São histórias que podem ter 37 páginas ou apenas 14 linhas: um menino despejando baratas na gaveta da prima, mãe e filha ao telefone momentos antes da chuva, um dentista que vira matador profissional, um sapo tentando conversar com um velho, Flamengo e Botafogo na final do campeonato. A obra trata, quase sempre, de diferentes formas de relacionamento – ora desconfiados, ora sinceros – nunca ingênuos, que se redefinem conforme as tramas avançam. Um olhar apressado e pistas falsas podem sugerir um desfecho que não se confirma. Em outros momentos, o leitor toma as pistas como armadilhas, quando elas são, aí sim, atalhos para o fim da história.
Como escritor diletante, o autor faz do seu primeiro livro um exercício de experimentação, arriscando-se em diferentes estilos e temas. Esse exercício é o que norteia a obra.
Um dos contos (Argemiro) foi roteirizado e filmado, de maneira independente, pela diretora Angelica Campos. O curta, atualmente em fase de edição, traz no elenco os atores Leandro Firmino da Hora (Cidade de Deus) e Henri Pagnoncelli (Sexo, amor e traição).
André Tartarini tem 33 anos, é dentista e escritor de gaveta há mais de 10 anos. Passou a levar isso mais a sério após ter sido selecionado, por dois anos seguidos, para a oficina de novos autores da Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Há dois anos, teve textos publicados no livro "Pula, pula, macacada, que amanhã não tem mais nada", de memórias de ex-alunos do Colégio de São Bento. Também está na seção de novos autores do site www.releituras.com. Escreveu, ainda, uma história para o projeto mojo books (www.mojobooks.com.br), inspirado no disco The Stone Roses, da banda inglesa The Stone Roses.
A jovem editora carioca PTK tem como uma de suas principais diretrizes lançar talentos até então desconhecidos do grande público. Os projetos já realizados são: Canibal de Copacabana, romance de Alexandre Fraga, Urbanismo na Fragmentação – desdobramento da dissertação de mestrado de André Luiz Pinto, a revista Rio Etc, edição impressa do blog Rio Etc (http://rioetc.blogspot.com), e 1932 – Uma aventura olímpica na terra do cinema, de Tiago Petrik.