sexta-feira, 23 de maio de 2008

CANIBAL DE COPACABANA


Brasil, 1968. No Rio, jovens sonham com a revolução. O apátrida Javier conhece a engajada Ritinha. O primeiro esbarrão acontece nas pedras do Arpoador. A primeira noite de amor, em Copacabana. Ritinha é morta pela ditadura. Javier, sem qualquer bandeira política, parte para a vingança.Logo em seguida, corpos de militares aparecem devorados. E, na mais ousada ação terrorista daqueles tempos, Javier mata um major para depois explodir seu velório, lotado de oficiais de altas patentes.O Exército designa Carlos Duno, seu capitão mais talentoso, para a caçada aos supostos comunistas. O temido torturador do Forte de Copacabana, contudo, não consegue impedir a ópera de horror pela qual desfilam traficantes, soldados, travestis, loucos e fanáticos religiosos – além do misterioso canibal.Em seu segundo romance, Alexandre Fraga usa o carnaval de rua, às vésperas da Copa de 70, para criar uma Copacabana atormentada por pesadelos. Em seu suspense, é implacável com a humanidade. Fraga constrói um universo apavorante e real: devasso, cínico e violento, recheado de bandidos à moda antiga, alcagüetes e falsos heróis.


O autor tece uma trama tão surpreendente quanto seus personagens. O autor constrói, desconstrói e reconstrói a ação em um ritmo que funde a linguagem literária com a cinematográfica: o texto e as imagens se amalgamam, provocando sensações que vão da compaixão aos sentimentos mais intensos de repulsa e inclemência.
Preste atenção aos personagens. Mesmo os que aparecem rapidamente – como o brutal e fogoso policial Nestor, o boa-praça major Bógus, o anônimo ascensorista, o coveiro dos dentes de ouro, a dedicada enfermeira lésbica Rebeca –, todos têm tamanha humanidade que parecem a ponto de se desgarrar da trama para viver suas próprias vidas. O autor tem a habilidade rara de nos trazer personagens que podemos, com medo, encontrar nas esquinas. E que no fundo gostaríamos que ficassem mesmo no livro.
Assim, bem-vindo ao fantástico mundo do infame capitão Duno, do assombrado tenente Leopoldo, da dura vovó Carmela, do enlouquecido papa-defunto Valdir, da temperamental adolescente Cecília, da melancólica milionária Biju, do apaixonado assaltante Javier, sempre agarrado a uma santa, da mãe-de-santo Dalva, encurralada por seus pecados, do promissor Doutor Jonas, do leal bandido empreendedor Juca Caixão, do presidiário crente e traficante Pato Rouco.Bem-vindo a um livro inesquecível. Devore-o.


Alexandre Fraga, carioca da Tijuca, nasceu em 1973. Formou-se em Direito pela UFRJ e atua há 11 anos como agente da Polícia Federal. Este Canibal de Copacabana é o segundo romance do escritor. Quando os demônios vão ao confessionário (2002) será relançado pela PTK Livros.


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